A Vida No Abrigo
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A Vida No Abrigo



Para muitos a vida em um abrigo pode ser o mesmo que estar em um vale assombrado. Cheio de tristeza e solidão.

Trago alguns relatos de crianças, quando digo crianças estou me referindo a crianças e adolescentes, para nós pais eles nunca crescem. Sempre serão nossas criança. Mesmo que você tenha optado por uma adoção tardia de um adolescente de 15, 16 ou 17 anos, ele terá atitudes de crianças em inúmeras ocasiões.


Vamos entender um pouco do abrigamento, através da ótica dos abrigados, com relatos colhidos, por min, durante anos e que tenho o prazer em passar a vocês.

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A primeira grande perda

"Eu não lembro da minha primeira família direito, só que ela não vêm mais..."

A primeira perda que a criança tem ocorre no momento que ela é retirada de sua família de origem.

A não ser que ela tenha sido encontrada na rua, ela irá se lembrar do momento em que um a pessoa que ela não a conhecia chegou, a pegou a força, a colocou num carro e a levou para um lugar que tinham crianças na faixa etária dela.


Sabe aquele brinquedo preferido que todos nós sempre tivemos?

Um bichinho de pelúcia, aquela fronha, o travesseirinho de dormir ou a fralda de cheiro?...

Não existem mais para as crianças recém abrigadas.

A criança abrigada será um nome, um CPF no CADASTRO DE ABRIGAMENTO. mais um número no sistema.

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O Medo

Ela sente medo por não terem mais os amiguinhos que tinham, A rotatividade de crianças nos abrigos faz com que essas crianças percam o que chamo de "Identidade Sócio-Afetiva-Institucional".

Todos nós temos lembranças de nossa infância, dos coleguinhas da vila, do prédio, da rua ou do bairro. Mas essas crianças não. e este medo, muitas vezes é imaculado.

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O Tempo

"O Tempo passam e a gente vai se acostumando."

Acostumando à não ter o acolhimento que merece e necessita.

Por mais que as instituições sejam nomeadas como Instituições de ACOLHIMENTO, este acolhimento fica "capenga" e a criança, nela abrigada, passa a se acostumar com a ausência.

Ausência de Amor

Ausência de Carinho

Ausência de Afeto

Ausência de Cuidado

Ausência de tudo o que as crianças necessitam e merecem para se tornarem adultos plenos e com boas lembranças de sua infância.

Mesmo que em seu histórico social exista a negligencia por parte de sua família biológica, no decorrer do ganho de idade até a vida adulta, é possível fazer a diferença na vida dos nossos pequenos independente da idade.

As Adoções Tardias estão ai para nos mostrar que sim; e os atuais filhos que foram adotados já grandinhos e hoje são adultos, podem nos mostrar com muito Amor esta realidade.


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Da Solidão à NORMALIDADE

"-A gente se acostuma tio... é sempre assim. todos passam aqui, dizem vão voltar e nunca voltam. é assim na vida, né?"

Eles se acostumam e tudo passa a ser normal

sabe aquele ditado:

"água mole e pedra dura, tanto bate até que fura"?

Então, na vida dessas crianças é assim. de tanto levar pancada da vida, passam a achar que é normal não receber carinho, afeto, amor, cuidado, educação, etc...

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E o dialogo de um ex-Abrigado Institucional é assim:

-" Lá é mó legal".

e na verdade é:

  • acordar

  • café da manhã

  • brincar

  • almoço

  • brincar

  • lanche

  • brincar

  • janta

  • cama

A escola se encaixa entre algumas dessas atividades.

E na verdade:

  • ninguém ensina a estudar

  • ninguém dá carinho

  • ninguém pega no colo

  • ninguém corta as unhas

  • ninguém olha as orelhas para ver se estão limpas

Bom, é assim.

Este texto tem o intuito de semear um assunto muito importante;

O que queremos para o futuro, nosso e de nossas crianças?


Um forte Abraço a todos.

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por Josemar Rodrigues

@dr_jorodrigues

@gaadba

#adocaotardia



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